Sanguê
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
“Quem cedo madruga encontra baratas pelo caminho”
sábado, 12 de novembro de 2011
UMA CENA
Caminha dentro do prédio até uma portinha estreita que dá para uma rampa em que há vitrines com livros dos dois lados. Avança mais alguns passos e vislumbra os menaninos repletos de livros. Passeia entre as estantes e encontra a seção de livros nacionais. Ela nunca leu um livro em Português; decide pegar “ A hora da Estrela”. Dirige-se à cafeteria da livraria e pede um café para tomar enquanto folheia um livro. Puxa a cadeira, senta-se e o abre.
-Aqui está o seu café.
-Obrigada -dando um leve sorriso enquanto adoça o café.
-Posso me sentar aqui? As outras mesas estão cheias -pergunta um moço que beirava os trinta anos.
-Ah! Sim, Claro! -virando uma página do livro e dando um gole no café.
-Posso me sentar aqui? -virando uma página do livro e dando um gole no café.
-Você tem um sotaque diferente. Você não é brasileira, é?
-Não, sou da Republica Tcheca; Estou aprendendo Português; tenho uma prima que mora aqui.
-Você fala muito bem nossa língua -olhando a capa do livro -Gosta de Clarice?
-Para falar a verdade, eu ainda não leio bem em Português. Peguei esta livro porque uma amiga me recomendou, mas já estou gostando pelo pouco que li. Depois do café vou comprá-lo.
O moço sorriu, olhando para ela.
-Eu não perguntei o seu nome...
-Teresa. E o seu, eu também não perguntei...
-João.
-Você é daqui de São Paulo?
-Sim. Moro aqui desde que nasci.
-É, São Paulo é uma cidade caótica, mas estou gostando dela.
-Você já teve o privilégio de pegar o metrô no horário de pico?
-Já -disse rindo.-Eu ainda não perguntei oque você faz...
-Sou arquiteto. E você?
-Fotógrafa. Estou tirando fotos de pessoas de diferentes lugares do mundo para uma revista tcheca.
-Nossa! Muito legal!
-Senhor, aqui está o seu café. Açúcar ou adoçante?
-Açúcar, obrigado!
-Agora que você terminou de tomar o seu café, o meu chegou.
-Ah, eu te espero...
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
DIÁLOGO
MULHER-M
M- Estranho...
H- Oque ?
M -Nada.
H- Como Nada? Você disse: Estranho.
M -Esquece.
H -Eu sou estranho?
M -A situação.
H -Qual?
M -Esta!
H -Estar no trem?
M -Não.
H -Você é irritante...
M -Você também.
H -Oque você esta pensando?
M -Acho que te conheço.
H -Da onde?
M -De nenhum lugar.
H - Então você não me conhece!
M -Conheço.
H -Como?
M -Você quer saber?
H -Estou perguntando.
M -Isso não quer dizer que você queira saber...
H -Quero.
M -Eu te criei.
H -Como assim?
M -Como assim, oquê?
H -Você me criou...Eu nem te conheço!
M -E precisa me conhecer? Só eu preciso te conhecer.
H -NOSSA! EU NEM SEI PORQUE ESTOU CONVERSANDO COM VOCÊ, VOCÊ É MALUCA!
M -Você é um personagem meu.
H -Eu sou um PERSONAGEM SEU? Há há, se esse metrô não estivesse andando com velocidade reduzida, eu já teria parado de conversar com você!
M -Então por que não para? Não?... Eu escrevi o nosso dialogo.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
CATARSE
Há aproximadamente um ano..
Estava na biblioteca procurando o cara do xérox. Finalmente tinha conseguido encontrar a edição daquela revista 2005 e precisava de uma cópia. Após uma hora, o moço chegou. Subi as escadas com as folhas monocromáticas na mão, sentei na grama. O sol estava quente. Segurei as pontas das folhas com o dedo para elas não saírem da ordem.
O sol estava quente. Não gosto do tempo quente, mas naquele momento o sol parecia amenizar o frio que sentia na barriga. Coloquei a jaqueta. Arregacei as mangas para que elas não enganchassem no papel. Coloquei os óculos escuros, eles suavizavam a luz que refletia nos espaços brancos da folha e me fazia olhar através de lentes as paginas que tinha medo de encarrar. Olhei a foto inicial da reportagem. Respirei fundo. Enquanto meus olhos decifravam aquelas palavras, dava curtos sorrisos de desabafo. Eles se dissolviam ou se repetiam a cada página. Minhas mãos tremiam. Li a última palavra, descansei as folhas xerocadas ao lado. Minha respiração ainda estava acelerada, apoiei os cotovelos no joelho e olhei para a cidade. Minha respiração ficava mais calma.
domingo, 23 de maio de 2010
UM CHARUTO PODE SER APENAS UM CHARUTO MAS UM CAFÉ NÃO É APENAS UM CAFÉ
Isto é uma coisa rara de se ver aqui em São Paulo. Quando você come ou toma um café logo levanta, não é só influência da cultura fast food , aqui tem pouca oferta de cafés para a procura, principalmente no coffee break. Aqui é assim ou você levanta por educação para as pessoas que aguardam em pé, ou você é expulso do estabelecimento.
Ontem a noite eu estava sentada no café, onde habitualmente estudo antes de ir para aula. O dono fez questão de pedir que eu me retira-se pois não é mais permitido estudar no local. Eu acho compreensível não permitir que uma pessoa estude no estabelecimento, se ela não estiver consumindo nada ou estiver ocupando lugar enquanto outra pessoa deseja sentar. Acontece que eu não me encaixava em nenhuma destas situações, sempre consumi coisas lá durante os estudos, e também nunca ocupo mesa quando o café esta cheio. OK politica nova da cafeteria, mas para mim o grande diferencial de lá era poder estudar num lugar tranquilo, enquanto saboreava um café e comia alguma coisa, ou ler algum livro quando já tinha terminado de estudar. Engraçado esses dias quando encontrei um amigo meu, ele disse que sentia saudades deste café, porque representava para ele um lugar onde ele podia relaxar de um dia estressante, agora somos dois.
Não irei mais a este café, afinal eu não frequentava lá só para saborear o café mas também para saborear o ambiente. Agora terei que encontrar um outro café em que eu possa estudar. Queria que as pessoas entendessem que um café não é só um café, e que não tem nada melhor do que saborear um café, após um dia cansativo, enquanto lê um livro.