sábado, 12 de novembro de 2011

UMA CENA

Ela anda pela Avenida Paulista. Está um dia chuvoso. Raspa as solas dos seus sapatos no chão antes de entrar no Conjunto Nacional.

Caminha dentro do prédio até uma portinha estreita que dá para uma rampa em que há vitrines com livros dos dois lados. Avança mais alguns passos e vislumbra os menaninos repletos de livros. Passeia entre as estantes e encontra a seção de livros nacionais. Ela nunca leu um livro em Português; decide pegar “ A hora da Estrela”. Dirige-se à cafeteria da livraria e pede um café para tomar enquanto folheia um livro. Puxa a cadeira, senta-se e o abre.

-Aqui está o seu café.

-Obrigada -dando um leve sorriso enquanto adoça o café.

-Posso me sentar aqui? As outras mesas estão cheias -pergunta um moço que beirava os trinta anos.

-Ah! Sim, Claro! -virando uma página do livro e dando um gole no café.

-Posso me sentar aqui? -virando uma página do livro e dando um gole no café.

-Você tem um sotaque diferente. Você não é brasileira, é?

-Não, sou da Republica Tcheca; Estou aprendendo Português; tenho uma prima que mora aqui.

-Você fala muito bem nossa língua -olhando a capa do livro -Gosta de Clarice?

-Para falar a verdade, eu ainda não leio bem em Português. Peguei esta livro porque uma amiga me recomendou, mas já estou gostando pelo pouco que li. Depois do café vou comprá-lo.

O moço sorriu, olhando para ela.

-Eu não perguntei o seu nome...

-Teresa. E o seu, eu também não perguntei...

-João.

-Você é daqui de São Paulo?

-Sim. Moro aqui desde que nasci.

-É, São Paulo é uma cidade caótica, mas estou gostando dela.

-Você já teve o privilégio de pegar o metrô no horário de pico?

-Já -disse rindo.-Eu ainda não perguntei oque você faz...

-Sou arquiteto. E você?

-Fotógrafa. Estou tirando fotos de pessoas de diferentes lugares do mundo para uma revista tcheca.

-Nossa! Muito legal!

-Senhor, aqui está o seu café. Açúcar ou adoçante?

-Açúcar, obrigado!

-Agora que você terminou de tomar o seu café, o meu chegou.

-Ah, eu te espero...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DIÁLOGO

HOMEM-H


MULHER-M



M- Estranho...

H- Oque ?

M -Nada.

H- Como Nada? Você disse: Estranho.

M -Esquece.

H -Eu sou estranho?

M -A situação.

H -Qual?

M -Esta!

H -Estar no trem?

M -Não.

H -Você é irritante...

M -Você também.

H -Oque você esta pensando?

M -Acho que te conheço.

H -Da onde?

M -De nenhum lugar.

H - Então você não me conhece!

M -Conheço.

H -Como?

M -Você quer saber?

H -Estou perguntando.

M -Isso não quer dizer que você queira saber...

H -Quero.

M -Eu te criei.

H -Como assim?

M -Como assim, oquê?

H -Você me criou...Eu nem te conheço!

M -E precisa me conhecer? Só eu preciso te conhecer.

H -NOSSA! EU NEM SEI PORQUE ESTOU CONVERSANDO COM VOCÊ, VOCÊ É MALUCA!

M -Você é um personagem meu.

H -Eu sou um PERSONAGEM SEU? Há há, se esse metrô não estivesse andando com velocidade reduzida, eu já teria parado de conversar com você!

M -Então por que não para? Não?... Eu escrevi o nosso dialogo.