domingo, 2 de maio de 2010

Delicada Caça

Está uma noite fria em São Paulo. Vitor atravessa o Viaduto do Chá, com passos largos e rápidos enquanto gotas de chuva molham suas botas e umedecem suas calças. Anda pelas ruas vazias até chegar à Praça Roosevelt e entra no café de um dos teatros.Ao entrar repara que o café está quase vazio a não ser pela moça atrás do balcão e dois garotos. Um está sentado com um chapéu ligeiramente inclinado, enquanto faz uma expressão de cowboy americano. O outro está sentado um pouco mais distante tomando um copo d'água.Vitor senta ao seu lado, puxa o maço de cigarros, coloca um na boca, “Cigarro?” Se dirigindo ao garoto e acendendo o cigarro. “Não, obrigado, não fumo.” “Café?” “Claro.” “Puro?” “Puro.” Vitor olha para o moça. “Dois puros.” A moça assente com a cabeça e se retira..Vitor olha para o garoto, os dois devem ter mais ou menos a mesma idade. “Qual peça esta passando hoje?” “Dois Perdidos Numa Noite Suja.” “É boa?” “Bom, num sei, eu gosto de Plínio Marcos.” Vitor dá um sorriso. “Acho que vou arriscar.” A moça entrega os dois cafés e diz, puxando uma cestinha, “ Aqui tem açúcar.” O garoto coloca açúcar no café, dá um gole e olha para Vitor. “Você não me disse seu nome.” “Vitor. E o seu?” “Paulo.”Um homem sai detrás das cortinas que cobrem a entrada do teatro e se prepara para recolher os ingressos. Vitor e Paulo dão os últimos goles no café, correm para o caixa onde pagam a conta e compram os ingressos.Entram e sentam nas primeiras fileiras da platéia vazia. “Estranho não ter ninguém né?” Sussurra Vitor. “Deve ser porque é véspera de ano novo.” Diz Paulo, meio sem graça. “Olha! Vai começar.”A peça termina lá pelas dez, Vitor e Paulo ficam se entreolhando. “Então, você quer dar uma volta, ou precisa ir?” Diz Vitor, meio encabulado. Paulo o olha. “Acho que preciso ir.” “ A tá. Entã...” Paulo o interrompe. “Se quiser, eu posso te dar uma carona.” “ Ah não precisa . ” “Sei la, até o metrô?” “ Não, eu vou a pé.” “Bom, se quiser jantar em casa?” Vitor olha Paulo com um olhar que fica entre a sedução e o sarcasmo. Paulo fica balançado e sem graça, sente-se hipnotizado por Vitor e não faz a menor idéia do porquê tinha acabado de chamar uma pessoa que mal conhecia para jantar em sua casa. “Quero sim”, responde Vitor e ambos entram no carro. Os dois chegam ao apartamento de Paulo, acendem as luzes e tiram os casacos. “Você morra sozinho?” Pergunta Vitor. “Não, moro com uns caras da faculdade, mas hoje é véspera de ano novo e eles foram passar com a família.” “Hum.” “Gosta de lasanha?” “Gosto.” “Tá, vô esquentar”, depois de alguns segundos Paulo volta. “Vai demorar uns quinze minutos.”Vitor lança um olhar penetrante a Paulo, este estremece e suas mãos começam a suar. Ele se aproxima de Vitor, que o beija. Seus lábios agora encostados, suas línguas quentes se entrelaçam, seus corpos unidos, Paulo coloca a mão na cintura de Vitor e acaba ferindo o canto da boca em seus dentes pontiagudos, Vitor passa a mão entre os cabelos de Paulo e beija seu pescoço, afunda seus dentes delicadamente, Paulo sente um arrepio e vai desfalecendo lentamente, enquanto Vitor suga seu sangue. Vitor segura o corpo de Paulo desmaiado, o deita no sofá e o cobre com sua jaqueta. Realmente sente um grande carinho por Paulo e não é capaz de sugar todo o sangue para sedar sua sede. Vitor dá uma última olhada no garoto, sai e fecha a porta.

Um comentário:

  1. Aí sim fomos surpreendidos novamente...
    Acho que o vitinho ia gostar!!
    Excelente criatividade....


    Aguardo mais textos...

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